Não quero filhos. E depois?

Por Anouk - outubro 30, 2019

não quero filhos - tropa do batom

Sinto que sou uma pessoa diferente. Que não encaixo em muitas das caixinhas que a sociedade criou. Não me considero ser uma pessoa do "contra"... apenas alguém com uma personalidade forte e vincada. A verdade é que a opinião alheia pouco me importa.

Mas... às vezes custa. Custa estar rodeada de amigos (todos já com um filho ou mais), num convívio, e ouvir aquela questão irritante do "Então e tu? Não estás a pensar ter um filho?". A minha resposta é sempre a mesma: "Não quero!". Poucos segundos depois, sai um vómito de perguntas a seguir como: "Porquê?", "Há algum problema?", "Tens o relógio biológico avariado?", "Então e o que vais fazer na reforma?","Sabes que vais ficar sozinha quando fores velha, sem ninguém para cuidar de ti?". Devo admitir que esta última é a minha favorita... aquela que me faz pensar que, para muitas pessoas (se calhar a grande maioria, sendo que obviamente não fiz nenhum inquérito científico), ter um filho pode não ser um ato altruísta, mas sim egoísta. Há pessoas que têm filhos apenas para terem alguém que cuide delas no "final". Como se não fossem depois parar a um lar, como todos nós um dia (sorry, but this is a reality check).

E o pior é que sempre me considerei um pouco egoísta por não querer ter filhos e por não querer abdicar da minha vida como a conheço hoje. E com esta pergunto-me... será que, afinal, a altruísta sou eu? Ou, no fundo, será que sou apenas destemida? Louca? Enfim... adjectivos certamente não faltarão para alguém que tem uma opinião "diferente".

A verdade é que nunca quis ter filhos. Não foi uma decisão que surgiu depois de algum tipo de trauma, incapacidade ou afins. E é isso que faz "confusão" à sociedade. Obviamente que não posso garantir que nunca vou mudar de opinião (se fosse futuróloga, já tinha ganho o Euromilhões :D), mas a verdade é que já estou quase nos "enta" e mantenho a mesma opinião (e já mudei a opinião face a algumas coisas).

Quando era pequena, lembro-me de odiar Nenucos (sim, aquele boneco assustador que incentiva as crianças do sexo feminino a despertarem o seu "relógio biológico"... se calhar é por isso que ficou avariado, ahah). Sempre odiei todo o tipo de bonecos que parecessem bebés. Obviamente que não odeio crianças (tenho sobrinhos - biológicos e emprestados- que adoro), mas devo dizer que ainda hoje, não sinto apelo nem para pegar ao colo, nem para fazer caretas ou parvoíces, ou começar a falar com diminutivos: "A Carolina vai vestir o vestidinho para poder ir à escolinha brincar com os amiguinhos". Sou só eu que vejo a "parvoícezinha" nesta frase?

Enfim.... eu respeito quem tem filhos e nunca tentei dissuadir ninguém dessa decisão (continuem.. a nossa "reforma" precisa do vosso apoio). A única coisa que peço à sociedade é respeito! Respeito por quem tem uma opinião diferente e por quem não se encaixa numa caixinha normal, sem ficarem a olhar de lado.

Se continuarem a olhar de lado, o mais provável é ganharem um estrabismo social agudo, porque da minha parte posso garantir que não vou, jamais, jamé (que não seja como o aeroporto em Alcochete) tentar fazer algo para agradar terceiros, ou só porque a sociedade impõe.

Em suma, não quero filhos. E depois?

Anouk

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5 comentários

  1. Não tens nada que te criticar ou permitir que te critiquem. É uma opção super válida. Mais vale assumir e não ter filhos, do que ter e ser uma mãe egoísta. ;)

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  2. Bom... no seguimento do comentário que me deixaste... tenho-te a dizer que somos 2. Eu realmente não gosto de crianças, nem emprestadas. Os bebes parecem-me uma coisa tão desagradavel com aquele pão molhado que lhes sai das gengivas... blregh!!
    E não acho que as gravidas sejam lindas! Não entendo que possa ter de bonito uma mulher não conseguir ver os seus proprios pés, no caso inxados como patas de elefante e passar mal 9 meses para depois perder a sua vida para sempre... E sim, oiço as mesmas perguntas que tu mas mais agressivas porque eu afirmo que detesto criancinhas... então imagina tudo o que oiço

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  3. A vontade de cada um deve sr respeitada.

    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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